O que o filme “Vidas Passadas” nos ensina sobre o amor?

No filme, os protagonistas nos mostram como alguns amores antigos não se encaixam mais nas nossas realidades atuais. Vemos o nascer de um amor genuíno e recíproco, e o caminho de ambos seguindo direções opostas até se encontrarem novamente na vida adulta. A partir de então, é narrado de forma muito sensível e indireta o quanto alguns amores, por mais que sejam reais e válidos, não caberiam em nossas vidas.

Com frequência, eu me deparo com histórias de relacionamentos onde, depois de um tempo, as pessoas não se reconhecem mais, e começam as crises na relação porque a correspondência de afetos, tempo e afinidade se esvaem. Ou, então, após muito tempo, com medo de arriscar, o desejo não é a realidade. Se pararmos para pensar com mais calma, podemos entender que mudanças podem trazer crises, ou que crises podem levar a mudanças. Da mesma forma que sentir amor não é sinônimo de viver aquele amor.
No filme, também temos o parceiro da protagonista que comenta sobre como ela sonha: “Você sonha em um idioma que eu não entendo. É como se existisse um lugar à parte que eu não pertenço.” E, mesmo ele não fazendo parte dessa fase da vida da amada, ele tem a consciência de que, mesmo doendo, ele também é amado.

Gosto de dizer que o amor não pode ser tratado como agiotagem ou lançamento de dados para poder viver ele. A coragem de admitir e sentir algum sentimento é o que traz a clareza das nossas ações. As miudezas e detalhes do amor e dos afetos são o que alimenta os vínculos, mas também nos dão resposta se devemos ou não continuar nos alimentando de algo que foi vivido no passado ou entender que a lembrança de algo bom realmente vale a pena ser colocado em nossa vida novamente para arriscá-lo, mesmo depois de tantas mudanças no nosso íntimo.